Gastei no amor vinte anos — os melhores,
Da minha vida pródiga: esbanjei-os
Sem remorso nem pena, em galanteios,
Colhendo beijos, desfolhando flores.
Quentes olhares de olhos tentadores,
Suspiros de paixão, arfar de seios,
Conheci-os, buscaram-me, gozei-os...
Li, folha a folha, o livro dos amores.
Quanta lembrança de mulher amada!
Quanta ternura de alma carinhosa!
Sim, tanto amor que me passou na vida!
E nada sei do amor... Não, não sei nada,
E cada rosto de mulher formosa
Dá-me a impressão de folha inda não lida.