Eu amo os gregos tipos de escultura;
Pagãs nuas no mármore entalhadas;
Não nessas produções que a estufa escura
Das modas cria, tortas e enfezadas.
Quero em pleno espendor, viço e frescura
Os corpos nus; as linhas onduladas
Livres: da carne exuberante e pura
Todas as saliências e destacadas...
Não quero, a Vênus opulente e bela
De luxuriantes formas, entrevê-la
De transparentes túnicas através:
Quero vê-la, sem pejo, sem receios,
Os braços nus, o dorso nu, os seios
Nus... toda nua, da cabeça aos pés
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Das modas cria, tortas e enfezadas.
E à tarde, quando a rígida mortada
Sopra, aos pombais, de novo, elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas
Voltam todas em bando e em revoadas...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais,
No Azul da adolescência as asas soltam,
fogem... Mas aos pombais as pomba voltam
E eles aos corações não voltam mais...