Raimundo Correia

13 May 1859 — 13 September 1911 / São Luís

Mal Secreto

Se a cólera que espuma, a dor que mora

N'alma, e destrói cada ilusão que nasce,

Tudo o que punge, tudo o que devor

O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora

Ver através da máscara da face,

Quanta gente, talvez, que inveja agora

Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo

Guarda um atroz, recôndito inimigo,

Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,

Cuja a ventura única consiste

Em parecer aos outros venturosa!
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