Laurindo Rabelo


Leandro E Hero

O facho de Helesponto apaga o dia,

Sem que aos olhos de Hero o sono traga,

Que dentro de sua alma não se apaga

O fogo com que o facho se acendia.

Aflita o seu Leandro ao mar pedia,

Que abrandando por ela, a prece afaga,

E traz-lhe o morto amante numa vaga

(Talvez vaga de amor, inda que fria).

Ao vê-lo pasma, e clama num transporte —

"Leandro!... és morto?! ... Que destino infando

Te conduz aos meus braços desta sorte?!

Morreste!... mas... (e às ondas se arrojando,

Assim termina já sorvendo a morte)
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