Emílio de Meneses


ODE

Este é o ranzinza-mor, porém no bom sentido.
Monta guarda à pureza e à precisão do idioma.
É o espectro do imbecil, o horror do presumido;
Contra ele a arraia miúda o ódio que tem não doma.

Geninhos da Garnier, geniões de ar sucumbido,
Poetinhas de salão, poetarrões de redoma
Que deturpam a língua, ai deles! é sabido:
O cacete é aforismo e a cacetada é axioma.

Mas este foge a lei (que aliás é conceituosa)
De que a crítica faz só aquele que, perverso,
De produzir, o orgulho e a delícia não goza.

De pena o bico atroz, no vernáculo, imerso,
Se a sabe esmerilhar, sabe polir a prosa,
Se o sabe criticar, sabe compor o verso.
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