Emílio de Meneses


A Roma

Mal se confrange na haste a corola sangrenta
e o punício vigor das pétalas descora.
Já no ovário fecundo e intumescido, aumenta
o escrínio em que retém os seus tesouros. Flora!

E ei-la exsurge a Romã. Fruta excelsa e opulenta
que de acesos rubis os lóculos colora
e à casca orbicular, áurea e eritrina ostenta
o ouro do entardecer e o paunásio da aurora!

Fruta heráldica e real, em si, traz à coroa
que o cálice da flor lhe pôs com o mesmo afago
com que a Mãe Natureza os seres galardoa!

Porém a forma hostil, de arremesso e de estrago,
lembra um dardo mortal que o espaço cruza e atroa
nos prélios ancestrais de Roma e de Cartago!
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