Ela chorava muito e muito, aos cantos,
Frenética, com gestos desabridos;
Nos cabelos, em ânsias desprendidos,
Brilhavam como pérolas os prantos.
Ele, o amante, sereno como os santos,
Deitado no sofá, pés aquecidos,
Ao sentir-lhe os soluços consumidos,
Sorria-se cantando alegres cantos.
E dizia-lhe então, de olhos enxutos;
- 'Tu pareces nascida de rajada,
'Tens despeitos raivosos, resolutos;
'Chora, chora, mulher arrenegada;
'Lacrimosa por esses aqueductos...
'Quero um banho tomar de água salgada'.
Lisboa, 1874