Meu Deus! Meu Pai! Se o filho da desgraça
Tem jus um dia ao galardão remoto,
Ouve estas preces e me cumpre o voto
- A mim que bebo do absinto a taça!
- 'Feliz serás se como eu sofreres,
'Dar-te-ei o céu em recompensa ao pranto' -
Vós o disseste - E eu padeço tanto!...
Que novos transes preparar me queres?
Tudo me roubam meus cruéis tiranos:
Amor, família, felicidade, tudo!...
Palmas da glória, meus lauréis do estudo,
Fogo do gênio, aspiração dos anos!...
Mas o teu filho já se não rebela
Por tal castigo, pelas mágoas duras;
- Minh'alma of'reço às provações futuras...
Venha o martírio... mas - perdão p'ra ela!...
A doce virgem se assemelha às flores...
O vento a quebra no seu verde ninho.
- Velai ao menos pelo pobre anjinho,
- Pagai-lhe em gozo o que me dais em dores!