Augosto dos Anjos

20 April 1884 - 12 November 1914 / Pau d'Arco

Mártir da Fome

Nesta da vida lúgubre caverna
De ossos e frios funerais que eu sinto

Corno um chacal saciando o eterno instinto

Vou saciando a minha Fome Eterna.
- Fome de sangue de um Passado extinto,

De extintas crenças - bacanal superna,

Horrível assim como a Hidra de Lema

E muda como o bronze de Corinto!
Ânsias de sonhos, desespero fundo!

E a alma que sonha no marnel do Mundo,

Morre de Fome pelas noites belas...
E como o Cristo - o Mártir do Calvário

Morre. E no entanto vai para o estelário

Matar a Fome num festim de estrelas!
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