Antonio de Castro Alves

14 March 1847 – 6 July 1871 / Curralinho

O Adeus de Teresa

A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta
a correnteza,
A valsa nos levou nos giros
seus...
E amamos juntos... E depois
na sala
'Adeus' eu disse-lhe
a tremer co'a fala...
E ela, corando, murmurou-me: 'adeus.'
Uma noite... entreabriu-se um reposteiro...
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus...
Era eu... Era a pálida Teresa!
'Adeus' lhe disse conservando-a presa...
E ela entre beijos murmurou-me: 'adeus!'
Passaram tempos... sec'los de delírio
Prazeres divinais... gozos do Empíreo...
... Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse — 'Voltarei!... descansa!...
Ela, chorando mais que uma criança,
Ela em soluços murmurou-me: 'adeus!'
Quando voltei... era o palácio em festa!...
E a voz d'Ela e de um homem lá na orquesta
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei!... Ela me olhou branca... surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa!...
E ela arquejando murmurou-me: 'adeus!'
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