Antonio de Castro Alves

14 March 1847 – 6 July 1871 / Curralinho

A D. Joana

Senhora, eu vos dou versos, porque apanho
Das flores d'ahna um ramalhete agreste
E são versos a flora perfumada,
Que de meu seio a solidão reveste.
E vós que amais a parasita ardente,
Que abre como um suspiro em pleno maio,
E o aroma que anima o cálix rubro
â€" Talvez de uma alma perfumoso ensaio,
E esse vago tremer de ní­veas pétalas,
Que faz das flores meias borboletas,
O escarlate das malvas presumidas,
A modéstia infantil das violetas,
E essa linguagem transparente e meiga
Que a natureza fala nas campinas
Pelas vozes das brisas suspirosas,
Pela boca rosada das boninas ...
Hoje, na vossa festa, em vosso dia,
Em meio aos vossas í­ntimos amores...
Juntai aos ramalhetes estes versas,
Pois versas de afeição... também são flores!
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